Blog do Paulus: "O Melhor Amigo do Óptico"

"O Melhor Amigo do Óptico"

Matéria escrita por Paulus Maciel. Direitos Reservados.

Por incrível que se possa imaginar, o pupilômetro é a ferramenta mais importante de uma óptica, desde que seja utilizada na “hora certa”.


Este simples e magnífico equipamento não pode ser visto apenas como um “medidor de DP” e sim como um eficiente orientador de centralização óptica e estética.

Quando vamos a uma loja comprar um calçado, sempre o vendedor nos pergunta qual o nosso número de pé, para depois buscar os modelos no estoque. Esta afirmação parece ser obvia, porém no ramo óptico fazemos o contrário: oferecemos a armação, oferecemos as lentes e lá no final da venda lembramos da pupilometria.

Um dos maiores receios do profissional óptico é ver a lente do cliente espessa e por muitas vezes isso acontece mesmo em um índice de refração mais alto. Por quê?
Antes mesmo de pensar sobre o índice de refração mais adequado de acordo com a ametropia do usuário, precisamos centralizar a armação no rosto do mesmo, equilibrando horizontalmente a espessura das lentes.

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Na imagem acima temos um CR39 com -6,00esf montado num acetato “Ponte + Aro= 70” com “DP = 60” o que resultou em uma borda de 7,4mm (2,9mm para fora do acetato). Clique nas imagens desta matéria para ampliar e ver os detalhes das ilustrações.

O caso descrito é mais comum do que imaginamos e mesmo utilizando um índice de refração mais elevado, proporcionalmente, não teríamos um bom resultado. O problema não é a lente e sim a armação que não tem medidas semelhantes às distâncias pupilares do usuário.

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No exemplo acima, utilizamos a mesma lente, a mesma armação com “Ponte + Aro= 70”, porém montamos com uma DNP de 35AO (DP 70) e o resultado foi ótimo. As bordas temporais e nasais ficaram com 1,1mm fora do aro (se o montador for “fera” não vai ficar nada fora do aro). Em suma: uma armação perfeita!

A maioria dos casos de lentes espessas não deve ao fato da má escolha do índice de refração e sim da má escolha da armação. Para uma perfeita distribuição de espessura precisamos oferecer armações onde a medida “Ponte + Aro” dever ser igual ou muito próxima da DP do usuário.

Medir a DP do usuário antes de oferecer a armação, permite que o profissional óptico possa orientar seu cliente na escolha de uma armação que irá encaixar perfeitamente no rosto e que distribua de forma homogênea a espessura entre borda nasal e temporal.

Muitos profissionais ópticos já trabalham com este método, onde as gavetas das armações já são previamente separadas por “Ponte + Aro = 60 a 65” e “Ponte + Aro = 65 a 70” facilitando a captura dos aros mais adequados logo após a pupilometria. As reclamações dos consumidores sobre espessura diminuíram drasticamente.

A pupilometria antes da venda das lentes é de caráter decisivo na adaptação do usuário em visão de perto, já que permite ao profissional óptico escolher o melhor design de lente progressiva de acordo com a convergência.

Os estudos sobre fisiologia ocular evoluíram a ponto de mapearmos o comportamento diferenciado de convergência das pessoas. Hoje sabemos que muitas delas convergem mais ou menos do que 2,5mm.

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Na ilustração acima podemos observar que dependendo da ametropia e/ou da adição, o usuário de lentes multifocais progressivas pode convergir de maneira diferenciada.

Nem todas as lentes multifocais progressivas vendidas no Brasil têm a capacidade de orientar o corredor progressivo de acordo com as convergências diversas. O resultado pode levar o usuário a ter dificuldade de leitura com suas lentes.

Antes de oferecermos as lentes multifocais progressivas, precisamos medir a DNP de longe e de perto do usuário para conhecermos sua convergência. Exemplo OD longe=34,0 OD perto= 30,0 significa uma convergência de 4,0mm.

Muitos ópticos neste momento ignoram a DNP de longe, e somam 2,5mm a DNP de perto para a montagem dos multifocais.


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A ilustração acima mostra que somar 2,5mm na DNP de perto e assim montar o óculos é considerado um erro grave, pois quando fazemos este cálculo, o usuário volta a enxergar bem para perto, mas sua montagem fica descentrada, gerando prisma induzido na visão de longe.

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Toda montagem fora da DNP gera prisma induzido, o que acarreta em desconforto visual para o usuário. Lembramos que independente do valor da dioptria prismática induzida, a mesma não foi prescrita, portanto não deve constar na correção.

Após a medição da DNP de longe e perto, caso o óptico observe uma convergência acima ou abaixo de 2,5mm, o mesmo deve oferecer lentes multifocais progressivas otimizadas que variam a posição do corredor de acordo com a adição e a curva base da lente.


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Na ilustração acima, temos uma lista com os nomes dos designs mais adequados de acordo com as convergências diferenciadas. Mais uma vez está comprovada a importância de se medir as DNPs antes da escolha da armação e das lentes também.

Convidamos você leitor para um desafio: medir a DNP e depois oferecer a armação e a lente. Temos certeza que você vai se surpreender com o resultado do seu óculos.

Ah! Se o índice de refração for coerente de acordo com a ametropia da receita, tudo fica lindo!
Agora sim podemos dizer que o pupilômetro é o melhor amigo do óptico.


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